Em um marco para a saúde pública brasileira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu nesta quarta-feira (26) a análise técnica da Butantan-DV, a primeira vacina contra dengue desenvolvida e produzida 100% no país. O imunizante, criado pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês WuXi Biologics e articulado pelo Ministério da Saúde, foi aprovado para uso em pessoas de 12 a 59 anos, com expectativa de inclusão no calendário nacional de vacinação a partir de 2026. Essa novidade chega em um momento crucial, após uma redução de 75% nos casos de dengue em 2025 em comparação a 2024, mas com o alerta para a continuidade do combate ao mosquito Aedes aegypti.
A Butantan-DV representa um avanço revolucionário: é a primeira vacina tetravalente contra dengue em dose única no mundo, oferecendo proteção contra os quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) em apenas uma aplicação. Utilizando tecnologia de vírus vivo atenuado – similar à de vacinas comprovadas como a da febre amarela e poliomielite –, o imunizante demonstrou eficácia global de 74,7% contra dengue sintomática, 91,6% contra formas graves e 100% contra hospitalizações, conforme ensaios clínicos de fase 3 envolvendo mais de 16 mil voluntários de 14 estados brasileiros, realizados entre 2016 e 2024.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, celebrou o feito durante anúncio em São Paulo, ao lado do governador Tarcísio de Freitas e do diretor do Butantan, Esper Kallas. "É uma vitória da ciência brasileira e uma arma poderosa contra uma doença que ainda causa sofrimento. Queremos iniciar a vacinação no começo de 2026, ampliando o acesso pelo SUS", afirmou Padilha. O governador paulista destacou a logística facilitada pela dose única: "Isso vai elevar a cobertura vacinal e reverter o cenário de perdas por dengue". Kallas reforçou que, apesar da vacina, medidas como eliminação de criadouros do mosquito permanecem essenciais, pois o Aedes transmite também zika e chikungunya.
Contexto Epidemiológico e Investimentos
O Brasil registra historicamente um dos maiores picos de dengue no mundo. Em 2024, foram 6,5 milhões de casos prováveis e 6.321 mortes – quatro vezes mais que em 2023. Este ano, os números caíram para cerca de 866 mil casos e 1.108 óbitos, graças a campanhas intensificadas e à vacinação inicial com a Qdenga (da Takeda), incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) em dezembro de 2023. Até agora, mais de 7,4 milhões de doses da Qdenga foram aplicadas em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em 2,7 mil municípios prioritários, com 9 milhões de doses garantidas para 2025.
O investimento federal no Butantan ultrapassa R$ 10 bilhões anuais, com R$ 1,2 bilhão via Novo PAC Saúde para expansão produtiva. Já há 1 milhão de doses da Butantan-DV prontas, e a produção deve atingir 30 milhões anuais a partir do segundo semestre de 2026, com potencial de ampliação. O Ministério da Saúde planeja apresentar a estratégia de incorporação à Comissão Intergestores Tripartite (CIT) nesta quinta-feira (27), priorizando regiões endêmicas.
Como Funciona a Vacina e Quem Pode Tomar
O Butantan-DV é seguro para soropositivos (quem já teve dengue) e soronegativos (quem nunca foi infectado), com reações adversas leves a moderadas, como dor no local da injeção, dor de cabeça e fadiga. Os eventos graves foram raros e todos os afetados foram recuperados. A indicação inicial é para 12 a 59 anos, mas a Anvisa autorizou estudos para idosos (60-79 anos) e crianças (2-11 anos), com dados preliminares de segurança nessas faixas.
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AspectoDetalhesEficácia 74,7% contra sintomática; 91,6% contra grave; 100% contra hospitalizações
Esquema Dose única (subcutânea)
Público Inicial 12-59 anos
Produção 1 milhão de doses prontas; 30 milhões/ano em 2026
Disponibilidade Exclusivo pelo SUS a partir de 2026; grátis
Avanços Globais e Desafios Pendentes
No cenário internacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o Qdenga para crianças de 6 a 16 anos em áreas de alta transmissão, com 18,6 milhões de doses distribuídas em 11 países até setembro de 2025. Estudos de longo prazo confirmam proteção por até 7 anos. A Dengvaxia (Sanofi), primeira vacina aprovada, será descontinuada em 2025 devido a riscos em soronegativos, reforçando a importância de inovações como o Butantan-DV.
Pesquisas em partículas semelhantes a vírus (VLPs) e vacinas inativadas prosseguem, causando maior estabilidade e redução de riscos como a influência de aprimoramento dependente de anticorpos (ADE). No Brasil, atualizações no calendário vacinal de 2025 incluem ampliação da Qdenga para 6-16 anos em doses com validade iminente, sem relatos de anafilaxia grave.
Perspectivas e Recomendações
A aprovação do Butantan-DV fortalece a soberania sanitária brasileira e pode exportar tecnologia para países endêmicos. No entanto, especialistas como Jarbas Barbosa, da Opas, alertam: "A dengue atingiu 13 milhões de casos e 9 mil mortes nas Américas em 2024; vacinas são aliadas, mas o controle vetorial é prioridade". O Ministério da Saúde reforça: elimine a água parada, use repelentes e busque vacinação em postos de saúde.
Com essa inovação, o Brasil avança na luta contra uma doença que afeta milhões anualmente. Fique atento às campanhas do SUS em 2026 – a prevenção começa agora.
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