O telefonema de 40 minutos entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, nesta terça-feira (2), reacendeu não só a pauta comercial e o combate ao crime organizado, mas também a delicada proposta brasileira de mediar as tensões entre Washington e Caracas. No entanto, o histórico de proximidade entre Lula e Nicolás Maduro – outrora aliados ideológicos no eixo progressista sul-americano – tem sido apontado como um empecilho significativo para que o Brasil assuma esse papel. Críticos, incluindo a oposição venezuelana e aliados de Trump, questionam a imparcialidade de Lula, vendo na iniciativa uma tentativa de preservar o regime chavista em vez de promover uma transição genuína.
Um Histórico de Aliança que Virou Distância Gelada
A relação entre Lula e Maduro remonta aos anos 2000, quando o petista, ainda presidente, forjou laços estreitos com Hugo Chávez, mentor político de Maduro. Lula integrou o "Grupo de Amigos da Venezuela" em 2003, mediando crises internas no país vizinho e defendendo a soberania bolivariana contra acusações de autoritarismo. Na época, o Brasil sob Lula era visto como pilar do "socialismo do século 21", com trocas comerciais bilionárias e apoio mútuo em fóruns como a Unasul.
O ponto de ruptura veio com as eleições venezuelanas de julho de 2024, amplamente consideradas fraudulentas pela oposição e por observadores internacionais. Lula, pressionado por aliados regionais e pela própria opinião pública brasileira, "congelou" relações diplomáticas com Caracas. "Não reconhecemos Maduro como vencedor legítimo", afirmou o chanceler Mauro Vieira em outubro passado. Lula admitiu a assessores ter se "desgastado demais politicamente por Maduro". Apesar disso, o episódio deixou uma "ficha" incômoda: para muitos, Lula ainda carrega o estigma de protetor do chavismo, o que compromete sua neutralidade em qualquer mediação.
Críticas da Oposição Venezuelana: "Cidadãos de Segunda Classe?"
A rejeição mais veemente veio de María Corina Machado, líder opositora e vencedora do Nobel da Paz de 2025, que dedicou o prêmio a Trump por seu apoio à democracia venezuelana. Em entrevista ao O Globo no final de outubro, ela criticou abertamente a oferta de Lula: "O presidente Lula sabe que Maduro foi derrotado nas urnas. A pergunta é: os venezuelanos somos cidadãos de segunda classe, sem direito a escolher?" Machado, que confirma contatos diretos com o governo Trump para pressionar por uma mudança de regime, rejeita qualquer negociação sem o reconhecimento da vitória opositora de 2024. "A população venezuelana não aceitaria uma mediação de Lula", acrescentou, acusando o Brasil e a Colômbia de terem dado tempo a Maduro para escalar a repressão.
No X, o debate ferveu. Perfis como @freu_rodrigues ecoaram: "Lula se colocou como mediador entre um regime e uma potência que quer sua mudança? Mediador não, apoiador de Maduro." Outros, como @SodLinda, foram mais duros: "Trump não aceita mediação porque sabe que Lula e Maduro são comparsas." A postagem viralizou, com milhares de interações questionando a credibilidade brasileira.
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Nos EUA: Interesse Misto, com Ressalvas de Falcões
Do lado americano, há sinais contraditórios. O secretário de Estado Marco Rubio, um "falcão" anti-Maduro, expressou simpatia inicial pela mediação brasileira em outubro: "Nem mesmo Lula reconhece Maduro como líder legítimo." No entanto, aliados de Rubio, próximos à ala dura do governo Trump, rejeitaram a ideia explicitamente. "O Brasil não deve se meter; tem uma abordagem simpática ao ditador", disse uma fonte ligada ao Departamento de Estado à Folha. Eles argumentam que Washington prefere ações diretas, como operações da CIA e presença naval no Caribe, a negociações que possam legitimar Maduro.
Analistas como Monica Herz, da UFRJ, veem o passado de Lula com o PT e o chavismo como um "desafio regional": "Um governo de direita na Venezuela colocaria Lula diante de mais atritos, num momento em que progressistas sul-americanos enfrentam dificuldades." Diplomatas brasileiros, por sua vez, admitem "sinais contraditórios" dos EUA: ameaças de intervenção misturadas a rumores de contatos diretos entre Trump e Maduro, possivelmente mediados por Brasil, Turquia e Catar.
Por Que Isso Compromete a Mediação? Um Equilíbrio Delicado
Especialistas como Rubens Barbosa, ex-embaixador nos EUA, alertam: "Não faz sentido oferecer mediação agora; o Brasil deve ouvir e não se expor." O risco é duplo: para Trump, Lula parece "contaminado" pelo histórico chavista, o que enfraquece a confiança; para Maduro, a distância recente de Lula o torna um mediador "traidor". Carolina Pedroso, da Unifesp, contrapõe: "Não haveria mediação bem-sucedida sem o Brasil, dada sua influência regional."
No telefonema de hoje, Lula reiterou a oferta, alertando para "efeitos colaterais" de ações militares, como fluxos de refugiados para o Brasil. Trump, pragmático, elogiou a "parceria" bilateral, mas evitou compromissos específicos sobre Venezuela. Fontes do Planalto veem na ligação um "primeiro passo", mas o passado com Maduro continua como sombra: uma "ficha" que pesa na balança diplomática.
Perspectivas: Paz Regional ou Isolamento?
Para o Brasil, o dilema é estratégico. Uma mediação bem-sucedida poderia restaurar o protagonismo de Lula na América do Sul, mas o fracasso – ou rejeição – agravaria tensões com os EUA, principal parceiro comercial. Líderes como Gustavo Petro (Colômbia) apoiam a via diplomática, mas a pressão de Machado e Rubio sugere que o caminho é estreito.
No Sintonize o Som, analisamos: o histórico de Lula com Maduro não é só bagagem; é um obstáculo que exige transparência para ser superado. A trilha sonora? De "Another Brick in the Wall" (Pink Floyd), sobre muros do passado, a "Bridge Over Troubled Water" (Simon & Garfunkel), na esperança de pontes reais.
Fique ligado para atualizações. O que você acha: Lula consegue mediar apesar do histórico? Comente! #LulaMaduro #MediaçãoVenezuela #DiplomaciaBR
Fontes consultadas: O Globo, Folha de S.Paulo, Estadão, BBC Brasil, posts verificados no X e análises de especialistas.









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