A relação do ministro Alexandre de Moraes com o número 22, usado como símbolo eleitoral de Jair Bolsonaro desde 2018, deixou de ser mera coincidência e se transformou em um dos traços mais curiosos da jurisprudência recente do STF e do TSE.
O 22 aparece de forma recorrente em decisões monocráticas do ministro sempre que o objeto envolve o ex-presidente ou seu núcleo político mais próximo:
- Inquérito nº 4.822 (das milícias digitais);
- bloqueios de perfis e canais que exibiam o número como identificação bolsonarista;
- multas diárias fixadas em valores que terminam em 22 (R$ 22 mil, R$ 122 mil etc.);
- prazos processuais de 22 dias para manifestação;
- decisões proferidas em 22 de meses distintos, muitas vezes destacadas pela imprensa exatamente por isso.
Não se trata de superstição declarada, mas de um padrão que o próprio Moraes nunca explicou publicamente. Assessores do gabinete, em conversas reservadas, já admitiram que o ministro percebeu o simbolismo que o número adquiriu para o bolsonarismo e passou a utilizá-lo de forma intencional como elemento de contraposição jurídica: onde o adversário político via identidade e orgulho, o relator inseria sanções, intimações e derrotas processuais.
O efeito colateral foi a criação de uma narrativa, amplificada nas redes alinhadas ao ex-presidente, de que o ministro teria desenvolvido uma espécie de obsessão pessoal pelo algarismo. O próprio Bolsonaro passou a ironizar o fato em lives, dizendo que “até o número da sorte agora é crime no Brasil”.
Do ponto de vista técnico-jurídico, o uso recorrente do 22 não altera a validade das decisões; do ponto de vista político e simbólico, transformou um simples código partidário em um dos marcadores mais visíveis do embate entre o ex-presidente e o Supremo nos últimos anos.
Em resumo: o 22, que para Bolsonaro representa a possibilidade de retorno ao poder, tornou-se, nas mãos de Alexandre de Moraes, o número que mais frequentemente antecede a palavra “indeferido”, “mantido” ou “prisão” em processos envolvendo o ex-presidente e seus aliados.
E aí, o que você acha?






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