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 A Estratégia de Bolsonaro: Flávio como Pré-Candidato e a Pressão pela Anistia aos Presos do 8 de Janeiro

Por Equipe Sintonize o Som – 08 de dezembro de 2025

Em um movimento que mistura astúcia familiar e sobrevivência política, o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso desde novembro na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, indicou seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como pré-candidato à Presidência da República nas eleições de 2026. A decisão, confirmada nesta sexta-feira (5) pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, surge em meio a uma condenação que impõe 27 anos e três meses de prisão ao ex-mandatário por tentativa de golpe de Estado, além de inelegibilidade até 2060. Mas por trás da escolha, analistas veem uma estratégia clara: evitar o esquecimento do bolsonarismo e reacender o debate sobre a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

 O Contexto da Prisão e da Inelegibilidade: Um Golpe Contra a Democracia?

A saga judicial de Bolsonaro ganhou contornos definitivos em setembro de 2025, quando a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) o condenou por liderar uma organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A pena, em regime inicial fechado, foi ratificada em novembro, levando à prisão preventiva do ex-presidente após ele danificar a tornozeleira eletrônica durante prisão domiciliar.  Antes disso, decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já o tornavam inelegível até 2030 por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação durante a campanha de 2022. 

Para os bolsonaristas, trata-se de uma "perseguição política" orquestrada pelo STF, especialmente pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. A defesa alega parcialidade, ilegalidade na delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e cerceamento de defesa, mas o STF rebateu, destacando provas irrefutáveis de uma trama para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.  Sete aliados, incluindo ex-ministros como Walter Braga Netto e Augusto Heleno, também foram condenados, marcando a primeira vez na história brasileira que um ex-presidente é punido por tentativa de golpe.

Flávio Bolsonaro: O Herdeiro Escolhido para Não Esquecer o Nome da Família

Flávio, de 44 anos, advogado e empresário eleito senador pelo Rio de Janeiro em 2018, assumiu o papel de porta-voz oficial da família desde a prisão do pai. Em visita à PF na terça-feira (2), ele ouviu pessoalmente a indicação de Bolsonaro para liderar o PL na corrida presidencial. "É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação", escreveu o senador em suas redes sociais.  

A escolha surpreendeu o mercado financeiro e parte da direita, que articulava nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou o irmão Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Flávio, visto como mais moderado que os irmãos, é apostado para unificar o PL e preservar o "capital político" da família, com viagens pelo país para montar palanques e confrontar o governo Lula. Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, deve disputar o Senado pelo DF, enquanto um nome de centro pode ser vice na chapa.  

No X (antigo Twitter), a reação foi imediata: apoiadores como Débora Menezes celebraram "o Capitão já decidiu", enquanto críticos, como o presidente do PP, Ciro Nogueira, questionam a viabilidade sem pesquisas sólidas.  Eduardo endossou "100%", mas o Centrão – que já negociava sucessores com Tarcísio – vê na jogada um risco de isolamento do bolsonarismo radical.   Flávio condicionou sua desistência à liberdade do pai: "Só se Bolsonaro estiver livre, nas urnas, caminhando com seus netos". 

A "Apunhalada pelas Costas" da Direita e do Centrão

Bolsonaro, outrora ícone da direita, sente o peso da traição interna. O Centrão, pragmático, preferia Tarcísio para alianças amplas e estabilidade econômica – uma chapa com Michelle como vice era o cenário ideal no Planalto.  A indicação de Flávio azedou relações: o mercado reagiu com queda no Ibovespa e alta do dólar, perdendo R$ 62 bilhões em valor de bancos.  Líderes como Nogueira e Antônio Rueda (União Brasil) enfatizam "compromisso com o Brasil que precisa avançar", sem endosso explícito.  No PL, a estratégia é clara: Flávio como "teste de viabilidade" para medir apoio antes de 2026. 

Anistia aos Presos do 8 de Janeiro: O Fogo que Não Pode Esfriar

Não deixar o tema "esfriar" é o segundo pilar da jogada. Flávio prioriza a anistia "ainda neste ano", ampliando o PL 2.162/2023 para incluir não só participantes, mas apoiadores – doações, logística e posts em redes.   Aprovada urgência na Câmara em setembro, a proposta perdoa crimes como descrédito eleitoral e ataques a instituições, exceto hediondos, beneficiando os 898 condenados até janeiro de 2025.  

O PL pressiona Hugo Motta (Republicanos-PB) para votação imediata, com mais de 300 votos na urgência anterior.  Mas o governo Lula mobiliza a base contra: "Não há ambiente político", diz José Guimarães (PT-CE).  Relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) chama de "sonho de verão" anistia a Bolsonaro, propondo apenas dosimetria de penas.  No Senado, Cleitinho (Republicanos-MG) clama por "ampla, geral e irrestrita".  No X, bolsonaristas ecoam: "Anistia já! Libertem os inocentes torturados". 

Juristas alertam: anistia a crimes contra a democracia é inconstitucional, como no indulto a Daniel Silveira derrubado pelo STF.  Ainda assim, o tema pacifica ou polariza? Para o Planalto, favorece Lula; para o bolsonarismo, é o grito de guerra.

O Que Vem Pela Frente: Uma Direita Dividida ou Unificada?

A estratégia de Bolsonaro é um xadrez arriscado: Flávio herda o legado, mas carrega rejeição (atrás de Lula em pesquisas) e o peso de escândalos como a "rachadinha".  O Centrão observa, e atos como a vigília de novembro mostram base fiel.  Se a anistia avançar, pode libertar o "Capitão" para as ruas em 2026 – o "preço" de Flávio. Caso contrário, o bolsonarismo arrisca isolamento.

No Sintonize o Som, vemos nisso o pulso de uma nação polarizada: o desejo de justiça versus o clamor por perdão. 2026 promete ser épico – ou explosivo. Fique ligado!

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